sexta-feira, 21 de maio de 2010

Biografia: Fresno


FRESNO
Esqueça a angústia da guitarra, o choro em profusão e a ansiedade adolescente de querer acelerar sempre um pouco mais. Quebrar diariamente os vínculos com o passado fez do quarto disco do Fresno um rompimento com aquela agonia juvenil. Não apenas uma ruptura calcada em relacionamentos, mas também com o cenário que o quarteto de Porto Alegre rascunhou por árduos oito anos. Nessa highway, o prêmio de banda revelação na MTV, em 2007, as 30 mil cópias vendidas de maneira independente – de seus três primeiros álbuns – e os mais de 20 estados percorridos pelo Brasil cristalizaram a tendência da banda para ser um fenômeno da atual geração. Dos milhões de downloads via internet desde 2003, o grupo conduzido pela voz de Lucas Silveira entendeu a responsabilidade que cabia a ele: era necessário sair de vez do saco hardcore melódico (chamado por alguns de emo) que foi colocado quando estourou em 2006, com o álbum Ciano. Redenção, primeiro disco lançado pela dupla Universal/Arsenal, poderia ganhar a alcunha de recomeço. Os teclados na abertura de “Sobre Todas As Coisas Que Eu...” alertam para o que aguardar nas 12 faixas seguintes. Se anteriormente os riffs eram catalisados pelo hardcore californiano, agora, Keane e Coldplay são as referências. A temática permanece a mesma. Mesmo assim, amor e amargura admitem um requinte. “O CD está pop, bem produzido e com letras mais sofisticadas”, fala Lucas. “Dei um duro para acrescentar versos maduros.” Seguido deles, há a disciplina do vocalista. “Antes minha voz parecia desesperada. Agora está suave”, comemora. A faixa título, mesmo quando levada ao extremo no refrão “...desligue o rádio e a TV, porque no seu domingo eu vou aparecer...”, ganha sutileza na voz maturada do cantor. A canção fala de ex-namoradas e dá a feição do que os rockstars nos seus 25 anos falam na mesa de um bar. A música de trabalho, “Uma Música”, é simples. Pilha pelo refrão e pela necessidade de ser uma válvula de escape. Riffs como o de “Europa” e “Passado” são marcantes e provam o quanto os anos de estradas fazem bem. O da primeira traz à cabeça os anos 80 enquanto o da segunda refresca com seu quê de Foo Fighters. Já “Milonga” fecha o CD de forma amargurada. Segundo Lucas “é a música que vai fazer muita gente repensar sua opinião sobre a Fresno”. Produzido por Rick Bonadio (CPM 22, NX Zero), Rodrigo Castanho e Paulo Anhaia, Redenção vem como uma lufada de boas intenções. Em um momento paradoxal em que cada vez mais se ouve música e menos se vende CD, acompanhar o Fresno pode ser uma dica de para onde a música e o mercado nacional irão daqui para a frente. Marco Bezzi/Abril 2008

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